sexta-feira, 8 de abril de 2011

Realengo: o que está por trás da tragédia?

O Brasil ficou estarrecido na manhã de ontem. Um jovem, aparentemente vítima de transtornos psíquicos e sociais, invade uma escola pública no Rio de Janeiro, atira contra crianças indefesas, matando 12 e ferindo 19. Logo após, se suicida.


Mas o que está por trás de mais essa tragédia? O que as autoridades e a mídia não estão enxergando nesse caso? Vamos ao primeiro problema.


Wellington Menezes de Oliveira era mais uma pessoa vítima de brincadeiras pesadas na escola quando criança, o já famoso bullying. Problema social que assola escolas de todo o mundo moderno, mas que ainda é tratado como mera brincadeira de criança, o bullying é responsável por quase 95% dos homícidios cometidos por alunos ou ex alunos contra colegas e professores. Atos de violência, física e mental, são tratados com graça pelos pais dos que os cometem e, na sua grande maioria, não são conhecidos pelos pais das vítimas.


O forte poder de fogo que o assassino tinha em mãos é outro problema. Como uma pessoa aparentemente pacata, que não oferecia nenhum perigo a sociedade, a ponto dos professores da Escola Municipal Tasso da Silveira permitirem a sua entrada, possuia duas armas, uma calibre 38 e outra 32, e muita, muita munição?


Em 2005 travou-se uma discussão no Brasil a respeito do desarmamento. Acontece que, a disputa foi política, e não social como deveria ser. Governo, defensor do SIM, e a oposição, levantando a bandeira do NÃO, travaram uma guerra sem discutir o que realmente importava: a vida dos brasileiros. A oposição, e parte da mídia, pelo simples fato do desarmamento ser uma idéia governamentista, foi contrária só pelo fato de ser. Só para não concorda com um projeto do então presidente Lula. Resultado: o NÃO venceu, as armas continuam nas ruas, e qualquer pessoa pode ter acesso a elas. Talvez, se o SIM vencesse, as armas que tiraram a vida dessas crinaças estivessem destruídas. São meras conjecturas. Porém, neste tempo de violência em que vivemos, temos que nos agarrar a qualquer hipótese.


E por fim, o problema social. Todos se sensibilizaram com o ocorrido. Muitos choraram, outros praguejaram contra o homicida, vários se pudessem fariam justiça com as próprias mãos (impossível, pois o "bandido" já estava morto). Mas essa Síndrome de Chorar o Defunto tem que acabar. Em breve este episódio cairá no esquecimento. Só lembraremos dele na Restropectiva 2011 dos canais de TV. E nada, absolutamente nada será feito para evitar que novas vidas sejam tiradas desta maneira. Ou seja, enquanto nós não deixarmos de pedir a paz somente depois que uma tragédia ocorre, e formos as ruas combater a violência, continuaremos a perder crianças inocentes vítimas do nosso próprio descaso.

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