quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CARTA ABERTA AO POVO CAMAMUENSE


CARTA ABERTA AO POVO CAMAMUENSE

Antes de qualquer coisa, gostaríamos de agradecer ao excelentíssimo Juiz da 78ª Zona Eleitoral, o Dr. João Paulo Guimarães Neto, por fazer com que voltemos a acreditar que a justiça ainda merece credibilidade por parte dos cidadãos de bem desta cidade.

A postura íntegra, profissional, competente e ética de Vossa Excelência merece todo o louvor, pois atravessávamos por um momento de desconfiança na justiça deste país, depois de acompanharmos tantos julgamentos com cartas marcadas e sentenças duvidosas.

Que a prática de Vossa Excelência, adotada desde a campanha eleitoral, seja exemplo para o resto o país.

É com pesar que constatamos que Camamu chegou ao fundo do poço. Depois de sermos protagonistas de noticias negativas na mídia de todo o país nos últimos anos, voltamos a ser piada no estado da Bahia.

Tudo isso porque, numa decisão acertada e corajosa, o Dr. João Paulo fez valer a lei e declarou nula a eleição ocorrida no último dia 7 de outubro, considerando as manobras ilegais e imorais realizadas neste pleito, desde a sua campanha.

Os poucos carros de som em circulação em nossa cidade fazendo a devida propaganda eleitoral, respeitaram todos os aspectos da legislação ambiental em vigor.

Porém, isso não foi impeditivo para que ocorressem situações irregulares e que macularam o resultado real da votação. O resultado disso é que Camamu não possui representante escolhido legitimamente pelo povo para ser empossado no dia 1º de janeiro.

Mais um capítulo triste na história desta majestosa cidade, que há anos sofre com problemas políticos, administrativos e jurídicos. Dos últimos quatro gestores, três tiveram seus mandatos interrompidos pela justiça.

Temos a obrigação de mudar este cenário. Não podemos mais compactuar com este situação. Temos que conclamar a população para repensarmos os rumos da nossa cidade. O momento é de unificação. O que está em jogo é o futuro camamuense.

Deixemos de lado nossos projetos e vaidades individuais. Não podemos mais tratar o nosso destino sob a batuta de indivíduos, e, sim, capitaneados pela sociedade como um todo. Camamu já perdeu todo o tempo que tinha para perder.

A decisão da Justiça nos deu uma nova chance para consertarmos antigos erros e colocarmos Camamu no rumo certo.

Estamos vendo cidades vizinhas em pleno desenvolvimento e observamos que aqui parece que estamos estagnados, parados no tempo, por problemas causados por políticos mal intencionados e à margem da vontade do povo.
Camamu não merece mais sofrer assim. Que esta situação seja a gota d’água que faltava para transbordar o balde onde estavam adormecidas a força e a garra desse povo.

Vamos nos unir para apoiar a decisão acertada do Juiz e não deixar que manobras escusas mude esta deliberação. E vamos juntos discutir o que consideramos melhor para a nossa cidade. Esqueçamos as vontades particulares.

Temos a chance de pela primeira vez na história deste município fazermos algo de forma coletiva e unificada. E faremos isso não por A ou por B, mas sim por toda a nossa Camamu. Afinal, Camamu tem que voltar a sorrir.

Camamu (BA), 19 de dezembro de 2012.




André Luiz Maron pelo PCdoB

Fernando Antônio dos Santos pelo PSD;

Elvis Gibson pelo PSDC;

Oto Gibson pelo PPS;

Alberto Santos pelo PR;

Alfredo Vasconcelos pelo PMDB;

Joaci Caetano pelo PV;

Rozel pelo PRTB;

Adélia da Paixão Santos pelo PRP

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Caos camamuense!!! Quem é o culpado????

Conversando com minha vizinha Dona Petelina, aquela mesma que tem bobes no cabelo, é louca por política e fã de carteirinha do meu Blog, ela, olhando pela varanda da casa dela e constatando que nossa cidade está um tanto quanto esquisita (para não colocar uma palavra mais pesada), me olhou com aqueles olhinhos que a terra está perto de comer e me perguntou: "De quem é a culpa desse caos na nossa cidade, mizifiu???" Eu, com a delicadeza de um jumento, respondi: "Minha é que não é...". Mas a pergunta daquela senhora maribunda me fez pensar. De quem será a culpa desse caos, tanto político quanto administrativo, na nossa majestosa Camamu??? Tentarei responder.

Poderia culpar a Justiça. Sim. A JUSTIÇA!!!! Afinal, não foi ela quem deu posse ao atual gestor em pleno período eleitoral? Será que não sabia ela, a toda poderosa, que isso não acabaria bem? Não foi a justiça também quem demorou para julgar os processos de impugnação dos candidatos a prefeito, permitindo assim que dois candidatos inelegíveis disputassem o pleito e causassem a essa maior balburdia na qual nos encontramos? Mas não. Não culparei a justiça.

Poderia pôr a culpa nos candidatos. Foram eles, eximindo aí o candidato Chico Vasconcelos, que bancaram  uma campanha mesmo sabendo que não teriam chance nenhuma se tornarem aptos a disputar as eleições. Podemos dizer que enganaram boa parte da população, tiveram seus votos anulados e colocou o município nessa situação de incertezas. Teremos novas eleições? Teremos algum prefeito diplomado no dia 19 de dezembro? Perguntas sem respostas devido as ações dos nossos candidatos. Mas mesmo assim, não culparei os candidatos.

Poderia culpar a mídia regional, que vende espaços na sua programação e veicula noticias mentirosas para confundir o eleitor. Uma mídia tão corrupta quanto os corruptos que a compram. Poderia muito bem ser a culpada pelas mazelas do nosso município. Mas não culparei a mídia corrupta.

A culpa é nossa. Somos nós os responsáveis pelo caos camamuense. Nós que temos a maior arma de todas na nossas mãos e que não a usamos de forma correta. Nós que nos deixamos enganar por políticos mentirosos, que trocamos nosso voto por favores, por empregos, por blocos ou qualquer outra coisa que nos traga alguma vantagem. Nós que votamos por interesse próprio, não pelo interesse coletivo. Nós que somos coniventes com licitações fraudadas, com desvio de verba da educação, com super faturamento de notas fiscais. Nós que deixamos de votar em pessoas decentes para votar em quem já conhecemos a história. Nós. Somente nós.

Espero que NÓS (me incluo nesse rol), em caso de nova eleição, paremos para refletir sobre o que é melhor para nossa cidade. Deixemos de lado nossos interesses pessoais. Pensemos mais no nosso bem maior. Camamu. Afinal, cantamos com tanta vontade o nosso hino e dizemos que "teus filhos de ti tem orgulho, Majestosa Camamu", mas esquecemos de perguntar: será que nossa Majestosa Camamu tem orgulho de seus filhos pelo que eles fazem com ela? Fica a dica...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Companheiro é Companheiro. Mas FDP...

Sempre fui muito ligado a política. Acho que desde quando minha querida tia, mainha Nice, fugia da ditadura (não, meu tio não era tarado. Era a ditadura militar mesmo.) e eu habitava o ventre da minha mãe, quando percebia aquele rebuliço dentro de casa numa tentativa de esconder minha tia dos policiais, já ficava todo animado e pulava corda com o cordão umbilical. Acompanhei e lembro muito bem da eleição de 89. Aquela disputa entre Lula e Collor mexeu muito comigo, apesar dos meus mirrados 8 anos. A música do petista até hoje me emociona. No dia do pleito, mainha Nice foi presa por boca de urna e levou um sabão dos policiais (menina levada essa, viu???). Lembro dela contando e eu imaginando ela sendo ensaboada nos porões da delegacia. Coisa de menino.

Mas já naquela época admirava a união e o companheirismo dessa turma. Aquelas reuniões para decidir o melhor caminho para o futuro do país, as greves, as lutas de classe, os embates ideológicos, a perseverança por um ideal de libertação, etc... Muito boa essa época. Ainda hoje eles se unem. Só que é para defender mensaleiros, encobrir falcatruas, xingar juízes pelo simples fato deles terem tido a coragem de cumprir a lei, etc... Isso eu já não admiro. Mas ainda acho bonito o companheirismo deles.

Só que surgiu um novo tipo de companheirismo. O companheirismo de conveniência. Funciona assim: te convidam, te apresentam propostas lindas, lhe prometem mundos e fundos, tudo isso para alcançar o poder.  Quando lá chegam, tudo é diferente. Não podem cumprir as promessas, as propostas já não são bem aquelas, o que antes era importante passa a ser supérfluo, e ao final de tudo, vão curtir as suas economias, largam os pepinos nas mãos de quem os apoiou, dizem que de nada sabiam e lhe deixa abandonado, com uma mão na frente e outra atrás. Eles chamam isso de companheirismo. Eu chamo de sacanagem. Afinal, como diz o velho ditado: companheiro é companheiro; FDP é FDP.

DEUS SALVA JOAQUIM BARBOSA!!!!


P.S.1 -   Quero deixar claro que ainda acredito e defendo os ideais de esquerda do PT, PCdoB, PSB e outros partidos da ala socialista. Isso não é uma crítica. É uma reflexão acerca da condução feita por certos políticos ditos esquerdistas em TODO BRASIL.

P.S.2 - Viu dona Petelina???? Minha veia politica tarda mas não falha...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O futebol é nosso...

Minha vizinha, aquela senhora de bóbis na cabeça. Aquela que é apaixonada por política e leitora de carteirinha desse Blog xexelento. Pois essa véia, quando soube qual seria o tema dessa minha postagem, botou sua cabeça "bobiada" pra fora da janela, olhou para a minha face e berrou, com toda sua já mirrada força: "TRAIDOR...". Olhei para ela com meus olhinhos de pidão, fiz cara de triste e respondi: "Calma dona PeTelina; prometo que A PRÓXIMA será sobre política...".

Eu não podia deixar de falar do assunto mais comentado desta e das próximas semanas em todos os anais futebolístico aqui no Brasil. E logo de cara aproveito para perguntar: "Onde cargas d'água estavam com a cabeça José Maria Marín, presidente da CêBêFê, e o seu vice, aquele cidadão investigado pela Polícia Federal, Marco Polo del Nero (nome bunito da zorra) quando demitiram o técnico Mano Menezes da MINHA seleção, pouco meses antes da Copa das Confederações???". Logo agora que o cara tava achando um padrão de jogo??? Os jogadores entrosadinhos, motivadinhos e todos os inhos possíveis e imagináveis. Por que não fez isso logo após os Jogos Olímpicos, mízéra??? O motivo foi político ou futebolístico??? Perguntas sem respostas. E eu também já superei isso. Bola pra frente, que atrás (de lá ele) vem gente.

Rei morto, rei posto. Começa agora uma série de especulações acerca do nome que irá ocupar o cargo mais importante desse nosso Brasil. Felipão larga na frente, seguido de Muricy Ramalho e Tite. E até Pep Guardiola postula entre os prováveis treinadores do escrete canarinho. E com um certo favoritismo. E é aí que o bicho começa a pegar.

Será que realmente precisamos de um treinador estrangeiro para comandar um dos maiores símbolos dessa nação, no maior evento de futebol do mundo, que será realizado no nosso país? Sérgio Xavier, colunista da Revista Placar, disse muito sabiamente ao André Rizek (oto nome bunito da zorra) no programa Redação Sportv, que o povo brasileiro não quer o Pep Guardiola. Quer a forma de jogar do Barcelona de Pep Guardiola. Então, pera aí: Se queremos somente a filosofia do cara, por que não pegarmos SÓ esta filosofia??? Tem que trazer o pacote completo??? É tipo McDonald's? Pra comer o sanduíche tem que levar a bata frita e o refrigerante também???

Mas tem mais: essa filosofia que ele aplicou no Barça de Messi, ele aprendeu, adivinhem com quem??? Com o futebol brasileiro dos anos 80. Olha que louco. Queremos contratar um cara de fora, porque ele aplica um estilo de jogo que NÓS ensinamos a ele. Eu tô quase dando um tiro em Dona PeTelina de tão doido que eu tô ficando. O que fizeram com nosso futebol??? Aonde vamos parar??? E não venham me dizer que é xenofobismo não. E eu também tô pouco me lixando para essa espanholização do futebol mundial. Somos ou não somos o país do futebol? A pátria de chuteira? Éramos.

Politizaram o nosso amor maior. Fizeram com que os nosso jovens adorem os jogadores deles e ignorem os nossos. Torçam para os times deles e desprezem o nosso. Acompanhem os jogos deles e releguem os nossos. Mas eu não desisto. Digo e sempre direi que futebol bom é o nosso. Emoção como no nosso não há. Craques como os nossos tampouco. Pode até aparecer um Messi aqui, um Maradona acolá. Mas nada que se compare a Ronaldo, Romário, Zico, Sócrates, Bebeto, Garrincha, Tostão, Pelé, entre dezenas de outros. Podem acreditar no que eu digo: futebol bom é o nosso. E com gente nossa.

P.S.1 - Me façam o favor. FULECO??? Querem me envergonhar de vez, é cambada????

P.S.2 - Dona PeTelina, eu juro. Amanhã sai a postagem sobre política.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Messi: um jogador fabricado.

Bem amigos do Blog do Maron; seguindo a onda da minha última postagem, e pegando o embalo no "grande clássico" de logo mais entre Brasil e nosso hermanos, vou tecer algumas mal traçadas linhas sobre a grande paixão do brasileiro. Não! Não irei falar dos traseiros avantajados da mulher brasileira. Falarei sim, da batalha mais disputada entre os homens de boa vontade, da peleja que mobiliza multidões, do embate que causa taquicardia em nossos corações. Falarei dele, o ludopédio. Futebol para os íntimos.

E como em todo Brasil x Argentina sempre vem à tona aquela velha pergunta sobre quem é o melhor jogador do mundo, caberá a mim, com toda a polêmica que me é peculiar, tentar encerrar de uma vez por todas esta questão. Pelo menos aqui em casa.

É indiscutível que Messi é o melhor jogador em atividade. Os números comprovam isso. Autor de mais de 80 gols na temporada 2011/2012, Lionel Messi é dono de uma média fantástica de 0,70 gols/jogo. Se levarmos em consideração que ele atua como meia ofensivo, mesma posição de outro gênio do futebol, Zico, a média é mais impressionante ainda. 

Bom moço, avesso as baladas, fugitivo de carteirinha de polêmicas e de Marias Chuteiras (se tornou pai este ano), Lionel parece ter enterrado de vez a discussão que existia entre Pelé x Maradona. Óbvio, assim como o craque brasileiro, Messi nunca usou drogas, nunca atirou em jornalistas, tampouco foi pego em exames anti doping, atitudes essas cotidianas na vida de Dom Dieguito e que seriam mais que suficiente para  colocar Maradona anos luz atrás de Pelé.

Porém, e sempre tem um porém, algo me intriga: Messi aos 11 anos foi diagnosticado com um problema hormonal que retardava o seu crescimento. Messi então, ainda na Argentina, foi submetido a um tratamento caro (900 dólares mensais) que consistia em aplicações diárias de injeções. Este primeiro tratamento durou 1 ano e meio. Sem condições de continuar com o tratamento, o pai do craque resolveu tentar a sorte na Europa. Apresentou o filho ao Barcelona, que exitou em contratar o jogador, e só o fez após o técnico das divisões de base do clube avalizar a aquisição. Messi então passou por um tratamento mais rigoroso e ainda mais caro. Em menos de três anos, ele cresceu 30 centímetros.

Com todas essas informações, poderemos constatar que Messi foi um jogador fabricado em laboratório. A sua genialidade não seria suficiente sem uma estrutura corpórea que suportasse o esforço que as suas jogadas exigem. Messi, assim como outro craque brasileiro, Neymar, parece ser indestrutível. Pouco, ou quase nunca, apresenta contusões sérias que o deixa inativo por muito tempo, mesmo com toda a marcação que recebe. Será que isso seria possível sem tratamento específico? O fato não nos remete ao filme Rock IV, quando a extinta URSS apresentou um lutador de boxe fabricado em laboratório, o Ivan Dragon? Messi seria o Messi sem a ajuda dos avanços da medicina?

Na contramão dessas artimanhas genéticas, Pelé cresceu em um tempo onde a ciência ainda não se encontrava tão avançada. Sua genialidade é genuína, sem nenhum catalisador para otimizá-la. Pelé disputou 1.365 jogos, marcando 1.281 gols, o que nos dá uma média praticamente insuperável de 0,94 gols/jogo. Marcou o seu gol 1.000 aos 29 anos, numa idade onde nos idos anos 60, 70, muitos jogadores já estavam encerrando a sua carreira ou já aposentados.

Se contabilizarmos as contusões sofridas por Pelé, que não possuía avanços tecnológicos ao seu favor, e o seu tempo de recuperação das mesmas, veremos quão fantástico ele era. Porém poderíamos observar que os seus números poderiam ser bem mais significativos. Ficou de fora de quase toda a Copa do Mundo de 62, disputando apenas o primeiro jogo contra o México e marcando o segundo gol da vitória por 2x0. Na partida seguinte, contra a Tchecoslováquia, se machucou e não mais voltou a atuar pela competição. 

Mesmo com a ausência, o Brasil sagrou-se campeão naquele ano, assim como em 1958. Feito esse repetido pelo país e por Pelé em 1970. E são nos títulos onde mais uma vez Pelá leva vantagem em relação a Messi. Entre Copas do Mundo, Libertadores, Mundial de Clubes, entre outros, Pelé conquistou mais de 60 títulos. Messi conquistou até o momento "apenas" 30. Sem falar que ele deve um título de expressão pela Seleção Argentina.

Não questiono a genialidade e a grande capacidade de Leo Messi. Um jogador que está a frente do seu tempo. Um atleta capaz de tornar fácil o que para muitos parece impossível. Questiono contudo os métodos utilizados para alcançar essa genialidade e as comparações feitas a Pelé. Mas com tudo isso, acredito que essa discussão ainda irá se arrastar por muitos anos. Ou pelo menos até aparecer um outro craque argentino para ser comparado com o negão de Três Corações. Porque assim como Maradona, Messi vai nadar, nadar e morrer na praia. Pelé é e sempre será o melhor jogador de futebol de todos os tempos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ensaio sobre Galvão Bueno

Há tempos que desejo fazer duas coisas: voltar a escrever no meu blog, e tecer uma opinião a respeito de Galvão Bueno. O blog foi repaginado, volta com novo layout, novo nome e novo endereço.
A opinião acerca de Galvão, começa agora....
Não tenho duvida nenhuma que o narrador esportivo Galvão Bueno é o maior profissional do ramo em atividade no Brasil. A forma como ele narra os eventos esportivos passa uma emoção genuína, que contagia o telespectador e nos faz sentir como se fizéssemos parte daquele momento. O seu patriotismo, no momento em que o Brasil passa por uma crise de pessimismo exagerado, nos faz sentir orgulho de sermos brasileiros. 
mas é claro que GB não é perfeito. Tem os seus defeitos como todo bom profissional. As vezes tece comentários sobre o que não entende, quer passar a imagem de sabe tudo e até destrata os colegas de transmissão. Mas, atire a primeira pedra na tela do computador quem nunca errou no exercício da sua função. E isso não é, creio eu, motivo para execrarmos qualquer profissional que seja.
O fato de Galvão não ser uma unanimidade não nos dá o direito de agressões gratuitas a ele. Quem não gosta, mude de canal, ponha a TV no mute, saia de casa, vá tomar uma cerveja ou faça o que bem entender. O que não pode acontecer é uma ínfima parcela da sociedade, passar a imagem para o resto do mundo de que os brasileiros são trogloditas, truculentos e mal educados como ocorreu na transmissão do último UFC RIO, onde pessoas gritavam palavras impublicáveis com o único intuito agredir um profissional no seu local de trabalho. 
E se a moda pega? Teria eu direito de agredir o gerente do meu banco por que o atendimento prestado não me agrada? Teria eu direito de agredir o apresentador do telejornal que passa notícias tendenciosas? Poderia eu socar o jogador do meu time pelo fato do mesmo não ter sido campeão? Repito: não temos o direito de agredir nenhum profissional. Outras formas de protesto são bem mais eficazes. 
Que o povo brasileiro não seja mais obrigado a passar por constrangimentos como o ocorrido no MMA. Iremos sediar uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Que nossos visitantes levem de nós uma imagem de um povo festivo, alegre e educado. Não de um povo mal educado, como meia dúzia de babacas querem passar.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Não seremos vítimas da babárie


A melhor definição sobre esta província lambuzada de dendê e de boréstia foi feita pelo menino Otávio Mangabeira. “A Bahia está tão atrasada que, quando o mundo se acabar, os baianos só vão saber cinco anos depois”.  Touché!

Porém, quando o tema é estupidez, perdoem-me os gaúchos pela falta de modéstia, estamos sempre na vanguarda. Não foi à toa que o mesmo Mangabeira proferiu o axioma definitivo que, de tão verdadeiro e repetido, já se tornou um clichê.  “Pense num absurdo, na Bahia tem precedente”.
E para que não me acuse apenas de só tergiversar sobre o pretérito (seja lá que porra isto signifique), informo que neste 3 de abril do ano da graça de 2012, também conhecido como terça-feira, as otoridades baianas estão reunidas para conspirar contra o destino do Ba x VI e do Brasil – o que dá no mesmo. Para que vocês não se percam neste emaranhado de prosopopeias, encerro este terceiro parágrafo fazendo algo que contraria minha religião: serei  objetivo. Seguinte é este. Estão querendo transformar Salvador na primeira capital a ter clássico com apenas uma torcida no estádio.
É graça uma porra desta!

Ah, sim, antes que algum apressado venha dizer que estamos atrasados, pois Minas Gerais já saiu na frente nesta demência, informo que o caso mineiro ficou restrito ao interior. E a restrição só ocorreu lá, única e exclusivamente, porque não tinham condições de usar nem o Mineirão nem o Independência. Então, o título de capital que pode inventar a infâmia é nosso, ninguém tasca. 
Porém, não deixa de ser verdade que Minas serviu de inspiração aos nossos dementes. Afinal, uma outra tradição cara aos mandatários baianos de todas as épocas (baixo) quilates é macaquear decisões  ineficazes do sul/sudeste maravilha.

O mais triste de tudo isso é que os donos do poder na Bahia fazem questão de ignorar nossas peculiaridades. Agora mesmo, esqueceram as potencialidades de nossa bela orla e a entregaram graciosamente à especulação imobiliária para concretizar um ridículo processo de miamização.
Derivo, derivo, sei, mas o fato é que nunca se respeita as nossas boas tradições.  Voltemos ao Ludopédio. Ao contrário de outros centros urbanos,  a relação das torcidas rivais aqui sempre foi marcada por uma, como direi, gentil sacanagem, com um pouco mais d epimenta aqui ou acolá. Há pouco mais de uma década, por exemplo, tínhamos um espaço para a torcida mista, onde fanáticos do Bahia conviviam no mesmo cimento que sectários do Vitória. 

Então, em vez de trabalhar no regaste desta cultura de civilidade, os homens da lei e da ordem querem impor a cultura do medo. Usam como precário pretexto umas rusgas entre as torcidas organizadas das duas agremiações para espalhar o pânico e aprovar esta medida proibitivamente idiota.

Por falar em medo, na mesma semana em que houve a primeira reunião para se debater esta estupidez de uma torcida só aqui na Bahia, Eduardo Galeano dizia o seguinte em entrevista ao La República, do Uruguay, o lared21i. “Te enseñan a ver al prójimo como una amenaza y te prohíben verlo como una promesa o sea el prójimo, ese señor, esa señora que anda por ahí, puede robarte, violarte, secuestrarte, engañarte, mentirte, rara vez ofrecerte algo que valga la pena recibir. Creo que eso forma parte de una dictadura universal del miedo. Estamos entrenados para tener miedo de todo y de todos”.

Pois muito bem. Enquanto eles semeiam o medo, e ganham adeptos de conveniência,  nós  decidimos apostar na esperança de que é possível (e preciso)  convivermos com os amigos que escolheram outra equipe para torcer sem que isso signifique capitulação.

Foi assim que, com a autorização dos integrantes do Movimento Somos Mias Vitória (MSMV), contatei o pessoal do Bora Bahea Minha Porra (BBMP) para, juntos, levantarmos a bandeira unificada do respeito ao torcedor, que merece ver seu time nos estádios dividindo o mesmo espaço que seu adversário.
Não podemos e não vamos ficar reféns da barbárie. E Salvador não vai ser a primeira capital a implantar a segregação das torcidas.